Este esquema introduz elementos mais pertinentes elaborado por mim, ora vejamos:
Do lado do emissor, mostra que antes da emissão há uma procura de fontes de informação e uma codificação, ou seja, este modelo reflecte já uma preocupação com o destinatário pois a informação não é transmitida “em bruto”, é codificada meus caros leitores que pastam por aqui =), quero dizer que é “tratada” tendo em vista a recepção.
Do lado do receptor, mostra que este não é um recebedor passivo de mensagens visto que descodifica e interpreta, se é se me fiz entender!
O que quero transmitir é que este esquema pressupõe uma actividade própria do receptor. Se este é um intérprete então o emissor terá que organizar os seus argumentos de modo a que o receptor os possa interpretar num sentido idêntico, ou o mais próximo possível, daquele que pretendia veicular.
Caro rebanho de leitores que pastam por aqui; mas servirá este modelo para simbolizar uma situação de argumentação e comunicação?
Claro que não, não me parece que sirva meus abutres leitores, porque continua a ser um modelo linear que não prevê a adaptação continuada do emissor ao contexto da comunicação.
Pois é, continuam, neste esquema, a existir argumentos mas não existe propriamente argumentação.
Que falta então a este modelo? Que mecanismo lhe é preciso introduzir para poder simbolizar uma situação argumentativa?
Aceite aqui a minha sugestão, faça uma pesquisa sobre a cibernética –> aqui.Pois … é isso… falta-lhe o mecanismo de retroacção, do feedback.
Com a regulação retroactiva já é possível eu simbolizar uma situação de interacção, de diálogo. A reacção de receptor é uma informação que vai obrigar o emissor a rever, a auto-regular, o modo como está a emitir e a adaptar o seu discurso.
Em suma, a rever e a reorganizar os seus argumentos.
Então a situação de comunicação argumentativa talvez possa ser simbolizada com este esquema abaixo:
Este último esquema “Comunicação Organizada” pretende simbolizar a comunicação humana no seu contexto, refere-se portanto à comunicação presencial em que há possibilidade de haver troca de argumentos, ou seja, argumentação.
Que traz de novo relativamente aos meus esquemas anteriores?
Traz a explicitação de dois níveis de contexto:
a) Um contexto restrito constituído pelo eixo emissor/receptor, pela relação eu/tu;
b) Um contexto geral que envolve e influencia toda a situação de comunicação;
1º A indicação de que a expressão é antecedida por uma informação sobre o receptor (representada no esquema por a = informação prévia sobre o auditório);
2 º Uma primeira adaptação do emissor provocada pelas informações recolhidas sobre a situação comunicacional (representada no esquema por b = adaptação à composição do auditório);
3 º A indicação do efeito da mensagem no receptor e reacção deste (representada no esquema por c = possível contestação do argumento do emissor;
4 º Reajustamento mental no emissor pela avaliação do efeito provocado (representada no esquema por d = reajustamento dos argumentos);
5º Interacção contínua entre emissor e receptor (representada no esquema pelo vaivém do tracejado e do traço a cheio) = jogo de argumentos e de contra-argumentos;
6º A clara explicitação do receptor como um intérprete.
Mas existem outros aspectos da situação comunicacional que podemos inferir do esquema.
Por exemplo, o emissor possui uma determinada intenção veiculada pelo acto de transmissão, mas para a concretizar recorre ao seu reportório linguístico. A codificação da mensagem e a sua expressão dependem portanto desse reportório, isto é, a eficácia da argumentação está condicionada pelo reportório linguístico do emissor.
O que se passa do lado do receptor?
Também possui um reportório linguístico que lhe faculte uma compreensão potencial da mensagem; a partir dele selecciona das mensagens, da argumentação, a informação que considera mais pertinente ou significativa para estruturar a sua compreensão actual ou interpretação.
Estamos agora no momento oportuno para fazer um ponto da situação das características do processo comunicativo.
Os meios de comunicação social recorrem a uma reserva permanente de mensagens que se pode designar por “memória do mundo”; dessa reserva ou memória os diferentes canais de transmissão (Rádio, TV, Jornais, Revistas, Internet e afins…) fazem uma determinada selecção com o qual compõem uma imagem apelidada de “quadro sócio-cultural instantâneo” a que os indivíduos estão sujeitos pela sua exposição aos “mass media”. Esta “imagem” ou quadro sócio-cultural é filtrada, e em certa medida deturpada, por cada um e vai inscrever-se na sua consciência deixando um “resíduo” na sua memória e constituindo a sua cultura individual.
Significa isto que o processo comunicativo argumentativo entre as pessoas (processo intersubjectivo) está hoje marcado pelos modelos da comunicação social mediática.
Tende-se a reproduzir, na comunicação interpessoal, fórmulas e estereótipos provenientes da comunicação mediática; somos sujeitos comunicantes ou potencialmente comunicantes, porque inseridos numa situação comunicativa regulada por “regras do jogo” e por uma espécie de contrato comunicativo.
Para sedimentar a informação, relativamente ao processo comunicativo, vou fazer um resumo do caminho percorrido, dado que apresentei, passo a passo, vários modelos de comunicação.
Ponto 1 – o modelo linear de comunicação foi-se progressivamente complexificando.
Ponto 2 – o modelo linear de comunicação é insuficiente para simbolizar a situação de comunicação interpessoal e argumentativa.
Ponto 3 – as noções de contexto e de retroacção (feedback) são indispensáveis para caracterizar a comunicação humana dialógica.
Ponto 4 – o receptor, progressivamente, foi sendo concebido como agente de interpretação.
Ponto 5 – o modelo interacionista (o esquema de comunicação organizada) mostra que na comunicação argumentativa existe uma adaptação continuada à situação comunicativa. A comunicação argumentativa requer flexibilidade e reversibilidade.
A comunicação argumentativa situa-se num contexto estruturado em vários níveis.
Ponto 6 – o contexto histórico actual é o de uma sociedade da comunicação de massas.
Ponto 7 – a comunicação social mediática cria quadros sócio-culturais que modelam a cultura individual.
Ponto 8 – o processo argumentativo é um processo de comunicação que não está imune à influência das novas tecnologias da comunicação.
Próximo post - Física
Termino então com:
Intelectualmente comunicativo (-_-)
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